terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Textos que estão na reprografia (1)

Um documento com a síntese das características de textos de carácter autobiográfico (está aqui).

Textos de Carácter Autobiográfico
Biografia / Autobiografia

O texto biográfico é um texto relativo à biografia, ou seja, «descrição da vida de alguém» ou «obra que retrata a vida de alguém». Assim, o texto biográfico descreve (retrata) a vida de alguém. Por sua vez, o texto autobiográfico é um texto relativo à autobiografia, sendo esta a «vida de um indivíduo escrita por ele próprio». Assim, se ambos os textos são biografias, no autobiográfico o autor escreve sobre a sua própria vida, enquanto no biográfico descreve a vida de outra pessoa, regra geral de valor acima da média, em qualquer actividade.
A autobiografia implica uma percepção consciente da pessoa singular que há em cada ser humano. Tanto representa a expressão do "Eu" como autoridade individual, capaz de se defender ou exaltar, como assenta numa autoconsciência individual apta a explorar a face privada da sua vida. Por vezes, usando o individualismo como ideologia, limita-se a traduzir a face pública do "Eu" sujeito e orienta-se para o enaltecimento e apologia de uma causa ou de uma carreira.
A escrita autobiográfica requer alguma impessoalidade e distanciação do autor em relação a si mesmo, o que exige conhecer-se e perceber o que diferencia a sua identidade singular da identidade dos outros. Ao mesmo tempo, envolve tensões entre a vida particular e a vida ou actuação pública. Essa tensão pode resultar, também, de em vez de o "Eu" se manifestar como expressão de uma unidade singular necessitar de uma inflexão, explorando a experiência de uma identidade compartilhada.
A autobiografia é, forçosamente, ficcional ao pressupor a autoconsciência e ao envolver todas as tensões entre a face privada e a público, a identidade singular diferenciada dos demais, a individualidade e a possível partilha.
Síntese:
--> A Biografia é um texto que, sendo narrado na 3.ª pessoa, tende a ser mais objectivo. Numa biografia, a ordem cronológica dos acontecimentos é respeitada.

--> A Autobiografia é um texto de tom predominantemente subjectivo e no qual encontramos muitas coordenadas de enunciação. O tom subjectivo do texto releva da existência de vários recursos expressivos. Para além dos recursos expressivos, encontramos numa autobiografia determinadas marcas linguísticas:
- predomínio da narração na 1.ª pessoa;
- deícticos;
- verbos epistémicos (achar, pensar, reconhecer, acreditar…), verbos avaliativos (gostar, lamentar, adorar, suportar…), verbos perceptivos (vi, senti, ouvi, toquei), verbos de rememoração (recordar-se, lembrar-se…);
- conectores que asseguram uma lógica temporal.

Glossário – Textos de Carácter Autobiográfico
Autobiografia
Narração sobre a vida de um indivíduo, escrita pelo próprio, sob forma documental ou ficcional. Etimologia: do grego autós (significa “o próprio”, “o mesmo”) + bíos (“vida”), + gráphein (“escrever”).
Auto-retrato
É um retrato que um indivíduo faz de si mesmo (sob forma de desenho, pintura, gravura ou descrição escrita ou oral). Muito usado na pintura, na literatura ou na escultura, o auto-retrato nem sempre representa a imagem real da pessoa, mas sim como o artista se vê. Pense-se, por exemplo, no mestre da pintura holandesa Rembrandt (1606-1669), cujos auto-retratos dão a conhecer o percurso da sua vida. Etimologia: autós (“o próprio”, “o mesmo”) + retrato (it. ritratto).

O diário e as memórias, sendo exemplos de escrita autobiográfica, têm marcas linguísticas de um texto autobiográfico.

Diário
Um diário é um escrito onde se registam os acontecimentos de cada dia. Enquanto género literário, o diário é um texto em que o autor relata cronologicamente factos e acontecimentos do seu dia-a-dia, acrescentando a esse relato as suas opiniões, meditações ou digressões filosóficas.
Etimologia: lat. diarium, ii.
Memórias (género memorialístico)
No género memorialístico, o autor reflecte sobre acontecimentos passados. As memórias têm um cunho pessoal e intimista, mas distinguem-se do diário pelo facto de serem escritas muito depois dos acontecimentos que o autor presenciou ou nos quais interveio.
Etimologia: lat. memoria, ae.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2.º período

Beryl Cook [Poetry Reading] 1926/2008

No 2.º período, iremos ler:

- textos de carácter autobiográfico (autobiografia, carta, memórias, diário e auto-retrato);

- Camões (lírica camoniana; sonetos);

- poetas do século XX (Miguel Torga, José Régio, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Carlos de Oliveira, David Mourão-Ferreira).

No âmbito do funcionamento da língua, iremos estudar:

- os deícticos;

- os actos ilocutórios;

- a prononimalização;

- a formação de palavras;

- o campo lexical e o campo semântico;

- as funções sintácticas;

- a frase complexa.

Na terça-feira, dia 5, estará na reprografia um conjunto de fichas informativas e fichas de trabalho ("Fichas Informativas e Fichas de Trabalho - 2.º período").
Até para o ano!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Livros: Os Grandes Livros


Edição: Aletheia
Autor: Anthony O’Hear
Tradução: Maria José Figueiredo
Ano: 2009

Chama-se Os Grandes Livros e foi escrito por Anthony O'Hear. É um livro sobre os grandes livros da Literatura ocidental. No blogue da livraria Pó dos Livros, pode ler-se: «Mais do que uma grande obra de referência, esta é também uma história narrativa contada com um profundo amor pela literatura - e uma crença inabalável na sua capacidade de inspirar e enriquecer os nossos mundos».

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O Natal sem a Bimby não é a mesma coisa...



Agora a sério: um bom Natal para todos!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Música

Podem ler a crítica do João Lisboa aqui. Segundo ele, quase tudo neste disco é «puríssima perfeição pop».

Uma sugestão

Amanhã, às 21:00, podem ver na SIC uma reportagem sobre o bairro da Bela Vista, um bairro que fica muito perto da nossa escola, como sabem (é no programa "Grande Reportagem").

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sobre os complementos preposicionais e adverbiais (omplementos oblíquos)

Relativamente a uma frase como "A Sara foi a Paris", sabemos que "a Paris" é o complemento oblíquo (preposicional) do verbo "ir". Alguns alunos perguntaram, e com razão, se classificamos o verbo "ir" como verbo transitivo preposicional, uma vez que pede um complemento introduzido por uma preposição (a preposição "a").
Bom, segundo o Dicionário Terminológico (que está elaborado de acordo com a nova gramática), o verbo "ir" deve ser classificado como transitivo indirecto. Portanto, apesar de o complemento seleccionado não ser um complemento indirecto (o complemento é "a Paris"), devemos considerar os verbos que pedem complemento oblíquo (preposicional ou adverbial) como transitivos indirectos. Veja-se o exemplo que se segue:
O Rui vive ali.
ali = complemento oblíquo (adverbial)
O verbo "viver" é transitivo indirecto porque selecciona (pede) um complemento oblíquo (adverbial).

E quando temos um complemento indirecto, como já sabem, o verbo também será classificado como transitivo indirecto. Assim, "dar" é um verbo transitivo indirecto. (Exemplo: "O João deu uma flor à Sara."; "à Sara" é o complemento indirecto).

(não têm de saber isto para o teste; os alunos que fazem teste na quinta-feira podem ficar descansados).

Correcção dos exercícios

1.
«a Faro» - complemento preposicional (oblíquo).
«na sala» - complemento preposicional (oblíquo).
«um conjunto de aforismos» - nome predicativo do sujeito.
«colocou a flor no vaso» - predicado.
«a flor» - complemento directo.
«no vaso» - complemento preposicional (oblíquo).
«um nome gentílico» - nome predicativo do sujeito.

2. «que os alunos leram» (oração subordinada relativa restritiva) «que lutam por causas» (oração subordinada relativa restritiva) «que sabe muito bem a matéria» (oração subordinada relativa explicativa)

3.
* Era importante que houvessem medidas para solucionar o problema. (Era importante que houvesse...)
* Haviam pessoas à espera de uma resposta. (Havia pessoas...)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Música clássica

(podem encontrar informações sobre o autor neste site).

domingo, 6 de dezembro de 2009

Verbos

Verbo intransitivo
Verbo principal que não selecciona (pede) complementos. Exemplo: O João desmaiou.

Verbo transitivo directo
Verbo que selecciona um complemento que tem a função sintáctica de complemento directo. Exemplo: A Ana fechou a porta.

Verbo transitivo indirecto
Verbo que selecciona um complemento que tem a função sintáctica de complemento indirecto. Exemplo: A prenda agradou à Ana.

Verbo transitivo directo e indirecto
Verbo que selecciona dois complementos (um directo e outro indirecto, ou oblíquo). Exemplo: O Rui deu flores à Ana. O João colocou as chaves na porta.

Verbo transitivo-predicativo
Verbo que selecciona um complemento directo e um nome predicativo do complemento directo. Exemplo: A Teresa acha o João simpático ("João" é o complemento directo; "simpático" é a expressão que está a caracterizar - ou predicar - o complemento directo).

Notas:
1) Segundo a nova gramática, um verbo que selecciona um complemento directo e um complemento preposicional (oblíquo) chama-se também transitivo directo e indirecto. Por exemplo, "pôr" (como "colocar") é um verbo transitivo directo e indirecto. Exemplo: O Rui pôs o livro (complemento directo) na mesa (complemento preposicional - oblíquo).
2) Não precisam de saber os verbos transitivos-predicativos para o teste.

(adenda: relativamente à nota 1, sublinhe-se que, no caso de existir na frase um complemento preposicional ou adverbial (complemento oblíquo), o verbo é considerado transitivo indirecto. Assim, numa frase como "O cão foi para a casota", diremos, de acordo com a nova gramática, que o verbo "ir" é transitivo indirecto, apesar de não seleccionar um complemento indirecto.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Os complementos do verbo (de acordo com a nova gramática) e o nome predicativo

Complemento directo:
Complemento seleccionado (pedido) pelo verbo. Responde à pergunta "o quê?".
Complementos directos nominais (o complemento está a amarelo):
I. O João comeu o bolo. O João comeu-o.
II. A Margarida perdeu a mala que a mãe lhe deu. A Margarida perdeu-a.
Complementos directos
oracionais (o complemento está a amarelo):
I. A Margarida disse que o João comeu o bolo. A Margarida disse-o.
II. A Margarida também perguntou se a tua mãe está melhor. A Margarida também o perguntou.

Complemento indirecto:
Complemento que pode ser substituído pelo pronome pessoal ("lhe" / "lhes"). Responde à pergunta "a quem?". Exemplos (o complemento indirecto está a amarelo):
I. O Pedro deu uma prenda aos pais. O Pedro deu-lhes uma prenda.
II. O Pedro telefonou ao médico de que lhe falei. O Pedro telefonou-lhe.
III. O Pedro telefonou ao médico amigo da minha mãe.O Pedro telefonou-lhe.

Complemento preposicional:
É introduzido por uma preposição mas não pode ser substituído por "lhe"/"lhes". Exemplos (o complemento preposicional está a amarelo):
I. O João foi a Nova Iorque. (* O João foi-lhe)
II. O João gosta de bolos. (* O João gosta-lhe)

Complemento adverbial:
É constituído por um advérbio. Exemplo (o complemento adverbial está a amarelo):
I. O João mora aqui.
(Complementos preposicionais e adverbiais são complementos oblíquos, mas, neste teste, não têm de usar esta designação)

Complemento agente da passiva:
Função sintáctica desempenhada por um grupo preposicional presente numa frase passiva. Exemplos (o complemento agente da passiva está a amarelo):
I. A baleia foi encontrada por um pescador. (a frase na voz activa é: "Um pescador encontrou a baleia")
II. O cão está a ser tratado pelo veterinário. (a frase na voz activa é: "O veterinário está a tratar o cão.")

Nome predicativo do sujeito:
Função sintáctica desempenhada pelo constituinte que ocorre em frases com verbos copulativos (ser, estar, parecer, permanecer...) e que predica algo acerca do sujeito (por outras palavras, o nome predicativo do sujeito diz-nos alguma coisa sobre o sujeito). Exemplos (o nome predicativo do sujeito está a amarelo):
I. O João é professor de Matemática.
II. Os alunos estão muito interessados.
III. A minha casa é aqui.
IV. O teste é amanhã.

Nome predicativo do complemento directo:
Em algumas orações, temos um complemento directo e uma expressão que caracteriza o complemento directo. Essa expressão é o nome predicativo do complemento directo e é introduzida por um verbo transitivo predicativo (achar, chamar, considerar, julgar, tratar, eleger, nomear...).
Exemplos (o nome predicativo do complemento directo está a amarelo):
I. O João considera a Maria uma óptima pessoa.
II. O João acha a Maria bonita.
III. O João acha esse filme pouco interessante.

Exercícios

1. Diga qual a função sintáctica dos elementos que estão a amarelo nas frases que se seguem:
Sim, o Luís disse-me que ia a Faro.
O João entrou na sala depois de ter ouvido as acusações.
O livro é um conjunto de aforismos.
Ele colocou a flor no vaso.
Ele colocou a flor no vaso.
Ele colocou a flor no vaso.
"Lisboetas" é um nome gentílico.
2. Encontre nas frases que se seguem orações relativas:
O livro que os alunos leram fala sobre uma viagem.
Há pessoas que lutam por causas.
O aluno, que sabe muito bem a matéria, conseguiu ter uma boa nota.
3. Assinale com (*) as frases em que existem problemas relacionados com o uso do verbo "haver":
Eles haviam falado com o professor sobre o teste.
Era importante que houvessem medidas para solucionar o problema.
Haviam pessoas à espera de uma resposta.
Confirmei que havia quadros na sala.

(na terça-feira, colocarei aqui a correcção dos exercícios)

Ainda sobre o verbo "haver"

Deixo aqui outro texto (retirado do Ciberdúvidas) que explica a sintaxe do verbo "haver":
O verbo haver, quando usado no sentido de existir, conjuga-se só na 3.ª pessoa do singular. Por isso, está correcta a frase «Há três lápis».
Nesta frase, empregou-se a 3.ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo haver. Se o verbo estivesse no plural, a forma correspondente seria hão. Ora, ninguém diz «"hão" três lápis» em vez de «há três lápis».
O erro surge só com os outros tempos verbais, que se deverão usar igualmente no singular, mas que muitas pessoas usam no plural.
Emprega-se, portanto, nos vários tempos e modos, a 3.ª pessoa do singular (há, havia, houve, houvera, haverá, haveria, haja, houvesse… três lápis), e não a correspondente do plural (hão, haviam, houveram, haverão, haveriam, hajam, houvessem).
Mas, atenção, haver, como verbo auxiliar, equivalente a ter, conjuga-se em todas as pessoas: «Haviam dito uma coisa, agora dizem outra.» = «Tinham dito uma coisa, agora dizem outra.»

Contrato de leitura

No segundo período, os livros que serão lidos no âmbito do contrato de leitura têm de estar na lista de obras recomendadas. Como já sabem, a lista está na reprografia (e também pode ser consultada aqui).
 
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