sábado, 31 de outubro de 2009

Trabalho de pares/grupo - a crónica

Cenários de resposta (a partir de algumas respostas dadas pelos vários grupos)

“Orações soburdinadas”, de António Lobo Antunes (Visão, 19.03.2009)

1. O texto fala sobre as memórias de infância do cronista, destacando-se a memória de um professor que era «uma besta de violência».
2. + 2.1. Trata-se uma crónica literária. Na verdade, o texto que lemos partilha com o texto literário, nomeadamente com o texto poético, algumas características Assim, encontramos uma reflexão sobre o “eu” e as suas memórias («e volto à infância»), uma linguagem figurada e a utilização de recursos expressivos, como interrogações («O que lhe terá acontecido? Casou? Teve filhos?»).
3. O título – “Orações soburdinadas” – está relacionado com a infância do cronista, porque um dos episódios mais marcantes dessa infância foi aquele em que ele escreveu “orações soburdinadas” no quadro, tendo sido agredido pelo professor.
4. Quando o cronista encontra a prima Ana Maria na rua, volta à infância. Surgem, então, várias memórias, destacando-se a do enterro de Quim Zé, que morreu em Angola e era irmão de Ana Maria. Há também nessas memórias a imagem de uma menina de oito anos, por quem o cronista esteve apaixonado, e a recordação de um professor violento. No presente, o cronista é um escritor; depois do encontro com a prima, volta para casa, onde escreve a crónica.
5. O cronista apresenta uma explicação no próprio texto: ‘as pessoas que conhece de toda a vida não mudam’. Por outro lado, enquanto falava com Ana Maria, no presente, estava a vê-la na sua memória, em analepse, e, nessa memória, ela teria «dez anos, onze no máximo».
6. O autor do texto escreve os seus livros alinhando a tralha inútil que está no ‘sótão da sua cabeça’. Nos intervalos dos livros, pensa na «morte da bezerra».
7.
de cara à banda - surpreendido.
morte macaca - morte violenta.
8.
(«uma menina de oito anos por quem eu estava apaixonado»)
«a menina»
Coesão textual – referencial (anáfora)
9. Com a repetição da palavra “não”, o cronista vai aperfeiçoando uma descrição de si próprio, na qual se cruzam passado (o artolas a respirar o vapor do caneiro, no tempo de escola) e presente (o artolas a hesitar, sem saber como acabar a crónica).


"Esta crónica não é contra os taxistas", de José Luís Peixoto (Visão, 15.10.2009)
1. O texto fala sobre a antipatia de certos taxistas; sobre o modo como certos taxistas, por vezes, reagem aos pedidos dos seus clientes.
2. + 2.1. Trata-se uma crónica. Na verdade, trata-se um texto que fala de um acontecimento vivido pelo cronista no seu quotidiano, apresentando uma interpretação pessoal desse acontecimento («É uma deslocação curta […] é bastante pior do que isso»). Por outro lado, tem com um ensinamento, uma moral, a transmitir.
3. O título funciona como uma espécie de aviso que condiciona a interpretação do texto que vamos ler. Isto porque, até uma parte do texto, o cronista parece ter uma visão muito negativa dos taxistas.
4. O protagonista, depois de regressar do Uruguai, chegou a Lisboa. Era costume pedir à sua irmã que o fosse buscar, mas naquele dia tal não foi possível. Teve de ir de táxi, o que detestava. Porém, desta vez, a situação foi diferente: o taxista foi simpático e levou-o para os Olivais sem resmungar.
5.
Primeira frase – os seres humanos não são maus por natureza.
Segunda frase – "ser taxista de aeroporto", neste contexto, significa ter rancor contra tudo e contra todos, pensar que tudo está mal e que a culpa é dos outros.
6. Podemos considerar que este texto tem dois ensinamentos a transmitir. Por um lado, sugere que, muitas vezes, fazemos o que criticamos nas outras pessoas e, como muitos taxistas, passamos a vida a dizer que tudo está mal. Por outro, o cronista também aprende que as pessoas, como os taxistas, não são todas iguais.
7.
Anáfora - «Chegou a minha vez, o taxista veio ajudar-me e sorriu. Logo aí eu devia ter desconfiado, mas foi só quando me sentei e ele perguntou para […]».
(elipse - ver resposta à 9)
8. Problema ao nível da regência da preposição. O verbo “referir-se” rege a preposição “a”, e não a preposição “para”.
9. Sujeito nulo subentendido – “eu”

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